A primeira prova dos CNFundo contou a presença de cerca de 50.000 pombos-correio. O início desta “maratona” decorreu, pelo terceiro ano consecutivo, em território espanhol, Albuixech, em Valência.
A Associação Columbófila do Distrito do Aveiro (ACD Aveiro) encestou 9.649 “atletas” e, entre eles, a fêmea com a anilha nº 5017951/15 alcançou, provisoriamente, o primeiro lugar a nível distrital. Propriedade do columbófilo Abílio Almeida, que compete nas provas da Sociedade Columbófila de Macieira de Sarnes, coletividade fundada em 1960, na localidade de Macieira de Sarnes, no município de Oliveira de Azeméis, chegou às 14:40:38, ao seu pombal, tendo percorrido um total de 711, 248 kms, o que se traduz numa média de 1449,654 m/m.
Este primeiro lugar foi conquistado por 1 segundo. Numa espécie de “maratona decidida ao sprint”, o pombo nº5030076/15, da equipa Joca Pigeon Team, que compete nas provas da Sociedade Columbófila de Azeméis, chegou às 14:41:56, depois de ter voado 713, 150 Kms, fazendo uma média de 1449,640. Embora na comunicação do primeiro pombo chegado de Valência tenha ficado no 2º lugar, com uma média próxima do 1º classificado, após as classificações efetuadas nas respetivas coletividades, verificou-se que a equipa Joca Pigeons Team, devido ao atraso de 1 segundo no relógio constatador da própria equipa, passou para o 2º lugar, e a “atleta” do columbófilo Abílio Almeida passou para o 1º, ficando, assim, à frente na classificação do distrito de Aveiro, devido à diferença, ao nível das milésimas, na média final.
Entrevistámos Abílio Almeida sobre esta vitória decidida nos instantes finais da prova.
Quantos pombos- correio enviou para a prova de Valência?
Abílio Almeida (AA) – Encestei 15 pombos-correio para esta prova.
Quais eram as suas expectativas para a prova?
Abílio Almeida (AA) – É sempre uma prova difícil. Enviei “atletas” com qualidade, mas nunca pensei marcar um primeiro lugar no distrito.
Qual é a sensação de ter um pombo que é o primeiro classificado, ainda que provisoriamente, do distrito de Aveiro?
AA – É espetacular. É sempre um prémio com um reconhecimento diferente. Não é fácil, no meio de tantos pombos-correio, conseguir ter o primeiro.
Uma vitória decidida ao segundo, numa prova em que os dois primeiros fazem, 711 e de 713 kms, respetivamente. Que comentário lhe merece este resultado?
AA – Eu não sei como descrever esta situação. No momento em que a “atleta” pousa, nós só sabíamos que havia chegadas comunicadas de outros distritos. Quando ela chegou fiquei logo com a sensação que poderia fazer um bom resultado ao nível do distrito
O “atleta” número 5030076/15, da equipa Joca Pigeons Team, passou para o 2º lugar devido a uma diferença mínima de tempo. Que mensagem gostava de deixar em relação a isso?
AA – Provavelmente os pombos devem ter vindo juntos, depois tem a ver com a entrada deles no pombal. Queria dar os meus parabéns ao “atleta” e à equipa Joca Pigeons Team pelo 2º lugar, porque conforme perdeu por 1 segundo, podia ter ganhado. Há mais provas, a campanha prossegue e não vão faltar oportunidades para ficar no primeiro lugar.
Este pombo de 2015 é um macho ou fêmea? Como preparou o/a “atleta” para esta prova?
AA – É uma fêmea. As 15 “atletas” que participaram na prova foram separadas do resto da colónia e tiveram uma alimentação diferente. Enquanto outros pombos-correio participavam e chegavam de provas de velocidade e meio-fundo, já estas 15 estavam “à parte”. Esta “atleta” esteve na dúvida, não parecia estar muito bem. O meu pai, Alberto Almeida, que me ajuda em todas as tarefas do pombal, até me aconselhou a não enviar esta fêmea, mas eu tinha uma opinião diferente e, felizmente, acabei por encestá-la para esta prova.
Esta “atleta” já tinha obtido classificações de relevo na presente campanha ou em anteriores? Quais?
AA- Não. Ela no ano passado era um borracho, só participou em duas provas, pela nossa equipa B, para ganhar algum ritmo de voo, mas conseguiu marcar nas duas. Em dezembro de 2016, quando fizemos a vacinação de todos os pombos-correio da nossa colónia, ela estava mal da asa, deixou, inclusive, de voar. Acabámos por tratá-la e ela voltou a voar normalmente. Decidi enviá-la para a primeira prova dos Campeonatos Nacionais de Fundo 2017 e o resultado alcançado mostra as qualidades desta “atleta”.
O 1º lugar na prova de Valência teve o mesmo sabor de um 1º noutra prova de fundo ou considera-o mais relevante? Porquê?
AA- Considero que é mais difícil alcançar este resultado numa prova que conta com a participação de pombos-correio de todo o país. Há mais arrastamentos também. Tivemos sorte de ela ter vindo na direção correta porque, se calhar, se viesse no bando dos “atletas” de Portalegre, por exemplo, já não iria fazer esta média e já não seria, provavelmente, a primeira classificada do distrito de Aveiro. Eu acho que esta é uma prova mais difícil, por isso o sabor do 1º lugar é melhor.
Tem 23 anos, idade que faz de si um columbófilo relativamente jovem. Como é que chegou a este deporto e o que é que o motivou a ser columbófilo?
AA- O meu pai, Alberto Almeida, tem pombos-correio desde 1976. Eu nasci em 1993 e ele já era columbófilo. Em 1994 fui inscrito como sócio da nossa coletividade, ainda eu não sabia o que era um pombo-correio. Desde pequeno, com 6 ou 7 anos, sempre andei no pombal com o meu pai. No final do milénio ele passou a nossa colónia para o meu nome e, a partir daí, tenho-me envolvido muito mais nas tarefas do pombal. Nos últimos 6, 7 anos estou faço muito mais tarefas, mas somos uma boa equipa, eu e o meu pai, porque quando um não pode o outro arranja forma de estar disponível. Sempre adorei este desporto e vou continuar a fazê-lo. Pratico futebol, mas isto é diferente.
Podemos dizer, neste caso, que está há mais tempo ligado à columbofilia do que ao futebol?
AA- Sim. Quando fui atleta federado de futebol e tinha jogos ao domingo, acabava por não conseguir ver chegar os pombos-correio. Fazia todas as tarefas no pombal, mas não conseguia ter esse prazer. Agora? É o contrário. Havendo chegada de pombos-correio, o futebol fica para 2º plano.
E quanto à 2ª solta de Valência, quantos pombos vai enviar e quais são as expectativas?
AA – Vou enviar novamente 15 e, possivelmente, serão as mesmas 15 “atletas”, porque chegaram todas da 1ª solta, o que é bom. Relativamente às expetativas, gostava que prova corresse de uma forma semelhante à primeira, mas se isso não acontecer estamos cá para dar os parabéns aos vencedores.
As soltas dos Campeonatos Nacionais de Fundo decorrem, pelo terceiro seguido, em Albuixech, Valência. Que opinião tem sobre esta prova? É um projeto que deve continuar?
AA – Acho que deve continuar. Esta é uma prova que permite ligar todos os distritos. Há uns que encestam mais que outros e este tipo de provas é boa para fazer uma ligação nacional da nossa columbofilia. Talvez se pudesse mudar o sítio, mas não consigo ter uma opinião fundamentada sobre isso. Acho que é um bom projeto e que até podiam haver mais provas semelhantes durante a campanha.
Portanto, na sua opinião, deveria haver mais soltas por ano com este âmbito, ou seja provas nacionais?
AA- Exatamente. Acho que as soltas poderiam ser feitas, inclusive, noutros sítios, com mudança das linhas de voo. Acho que o projeto é interessante e pode evoluir mais, mas, em suma, é uma excelente iniciativa da Federação Portuguesa de Columbofilia.
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Pode consultar as reportagens com os primeiros classificados provisórios de todos os distritos em –Press FPC e ao Site FPC.
Os resultados da primeira solta dos Campeonatos Nacionais de Fundo 2017 estão disponíveis em Campeonato Nacional de Fundo – Resultados da 1ª Prova. A 2ª prova está marcada para o próximo dia 17 de junho e vamos trazer-lhe todas as novidades, através das plataformas habituais.